
A maioria dos piauienses nem sabe, mas paga e vai continuar pagando parcelas de empréstimos por muitos e muitos anos. Toda vez que um governador de estado ou prefeito faz empréstimos – aprovados pelo Poder Legislativo – a conta é do contribuinte.
No Governo do Piauí, os empréstimos viraram febre nos últimos anos. Com uma frequência absurda, os últimos governadores se acostumaram a, num estalo de dedos, pedir autorização do Legislativo para contrair operações de crédito, os famigerados empréstimos. Apesar de terem sido tantos nos últimos anos, os piauienses não têm na mente nenhuma grande obra, daquelas marcantes, feita com dinheiro dessas operações.
Nos últimos dois governos de Wellington Dias (PT), de 2015 a 2022, os empréstimos foram tão frequentes que os críticos da internet chegaram a apelidá-lo de “empréstimo Dias”. Com maioria na Assembleia Legislativa, todas as operações foram aprovadas.
Wellington, bastante criticado pela prática dos empréstimos em seus dois últimos governos, contraía operações em valores de milhões. Para se ter ideia, um dos empréstimos mais criticados no tempo dele foi um tomado junto à Caixa Econômica Federal entre 2017 e 2018. Na época, o petista pediu R$ 600 milhões emprestados para obras do programa Finisa. Era, naquela ocasião, um absurdo na avaliação dos críticos.
Dias deixou o governo em 2022. Agora, o atual governador Rafael Fonteles é quem engata a prática sucessiva dos empréstimos. Porém, o petista novo que não veste vermelho não quer história com milhões. No governo de Rafael, gênio da matemática e empresário de sucesso, os empréstimos são sempre na casa dos bilhões. Coisa de milhões, para ele, é fichinha.
Atualmente, a Assembleia Legislativa analisa mais cinco pedidos de empréstimos que, somados, chegam a quase R$ 11 bilhões. Em pouco mais de dois anos na cadeira principal do Palácio de Karnak, Rafael já enviou pedidos que beiram os R$ 20 bilhões. Com uma maioria folgada na Alepi, o governo aprova todos os empréstimos tranquilamente e na velocidade que quer. Os aliados, cegos de amor pelo governo, nada questionam. Parte da oposição, que inteira já é diminuta, até tenta, mas é ignorada.
O fato é que, diante dos montantes absurdos dos empréstimos do governo Rafael, já dá até para considerar que os tão criticados empréstimos de Wellington Dias eram, na pior das hipóteses, mais sensatos. Estamos, portanto, diante de uma proeza que Rafael conseguiu: mudar algumas percepções sobre os problemas do tempo de Wellington.
Quando o assunto é empréstimo no Governo do Piauí, aquela frase do palhaço e deputado federal Tiririca – pior do que tá não fica – mais uma vez ficou ultrapassada, afinal, estamos vendo que, pior do que tá, fica sim. E muito!